quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Ano novo, vida nova.

Ano novo, vida nova.
Último ano escolar, e primeiro [e único pelos próximos 6 anos, esperançosamente] vestibular.
Como disse o meu primo...
"3º ano? Tem que ter uma dose júnior pra inaugurar, então!", enquanto colocava doses de absinto.
Que haja, sim, a curtição no 3º ano.

Ano novo, vida nova.
Novos relacionamentos, quem sabe.

Ano novo, vida nova.
E por que não visual novo?
A vontade de mudar veio assim, do nada. Inspiração. Daí então, muni-me de câmera e fui em direção ao jardim. Fotografei o céu: preto. Só o negrume, sem nuvens. Sem-graça.
Busquei uma outra com o meu rosto contra a luz e contra o jasmim. Sem sucesso, péssima.
Aí que veio, então, a foto.
Os dois pares de sandálias são uns que eu regularmente uso, dispostos em posições nas quais eu regularmente sento. De mim para eu, em foto, e em metonímia.

Ano novo, vida nova.
Que venha 2009, estou pronto. Mas que Janeiro dure mais que os demais meses.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Os Imortais.

Ah, a grandiosidade dos grandes!
Pena que são aqueles que já foram.
E o que ficou?
Seus feitos, imponentes.
E nós, os que ficamos?
Impotentes.

O que se terá?
não se sabe.
vê-se um futuro
ainda que incerto
ainda que em busca de outros
ainda maiores
capazes de serem o que tantos outros foram:
únicos.

Mente que mente pra gente.

Vá lá, não é a primeira vez que a minha cabeça tenta me iludir. Não digo desilusões amorosas, digo enganar mesmo. Várias foram as vezes onde eu me vi acordando e indo tomar um banho, quando na verdade eu apenas sonhava isso. Artifício para me manter na cama por mais uns instantes? Sempre achei que fosse isso.

Mas agora é novo: processo inverso.

Estava embolando na cama há duas horas já, naquele misto de consciência e ausência dela, entre apitos constantes do meu celular com um lembrete a cada 10 minutos. Eis que eu simplesmente o ignorava, deixava de lado, voltava a dormir.

As condições iam piorando. Quando antes estava com o ar-condicionado ligado, agora meu irmão havia desligado-o, e então me encontrava num forno; janela e portas fechadas. O ventilador, ele nem se importou em ativar. Parecia determinado a me ver acordado.

Não desisti: pedi pra que o ligasse. Ligou. O vento do ventilador era insuficiente, dadas a janela e porta fechadas e, claro, o verão olindense. Mesmo assim, persisti no sono acordado.

Foi aí que aconteceu. Ouvi barulhos. Comecei a distingui-los como sendo... fogos. Muitos! Não eram do ano novo, não eram do Natal. Só podiam ser...

...do listão, oras! Desci correndo. Quem teria passado? Quem teria ficado? Liguei o computador instantaneamente, enquanto gritava "O LISTÃO, O LISTÃO SAIU, SAIU!". Achei ter ouvido o meu irmão dizer "tá doido é?", e por isso duvidei. Perguntei a Dido, a empregada: "ouvisse fogos?". Resposta negativa.

E percebi. Mente que mente pra gente; a minha havia feito aquilo que certamente me faria sair da cama.

Bem, conseguiu.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Bola de cristal mental? 2.

Ainda fiquei por contar os causos dos ônibus. Seguinte: Há um episódio particular e várias ocasiões.

O episódio particular remonta uma situação como as duas anteriores. Lá estava eu almoçando num restaurante próximo ao colégio, na fila do pagamento da conta, esperando só a quitação desta para poder pegar o ônibus e sair em minhas aventuras pelos cursinhos da vida. Eis que, enquanto espero a minha vez, vem aquele mesmo pensamento. Desta vez não como pergunta, mas afirmação:

"O passe-fácil vai acabar."

Repentino, inesperado. Na verdade, foi como ter sido possuído momentaneamente por uma entidade sabe-se lá qual, elevada ao ponto de extrair certezas tão certas.

Nesse caso, no entanto, não houve escolha. Não houve aviso. Foi só confirmação mesmo. Que podia eu fazer com isso? Estava sozinho, sem amigos para pedir dinheiro para a passagem; paguei o almoço com o cartão, e infelizmente tinha a certeza de que o cobrador não aceitaria o Hipercard, nem mesmo se eu fizesse toda a apresentação da propaganda, com direito a "Tcharam!" e tudo.

Dessa vez tomei o ônibus na esperança de estar errado: sem sucesso. A máquina acusou o fim dos créditos, e selou assim a minha passagem de saída do ônibus. Se bem que, mais uma vez, talvez eu tivesse ter dado maior crédito à minha previsão, e não ter esperado um erro da mesma.

-

Os casos segundos dos ônibus são mais implícitos. Não há perguntas ou afirmações que vêm do nada; talvez até seja pura sorte.

Foi assim que eu pensei na primeira vez. Lá ia eu num Piedade/Rio Doce. Para minha infelicidade, todos os assentos encontravam-se ocupados. Ah, mas como valorizo a chance de ir sentado! Tudo bem, é algo que todo mundo espera, mas há preferências: um amigo meu mesmo prefere ir em pé a demorar mais. Eu volto pelo contrário, uma vez que sou grande apreciador das viagens no transporte público, uma vez dados os devidos confortos.
Mas enfim...
O ônibus estava sem assentos livres, sim, mas não havia muitos ali necessitando segurar nas hastes. Sendo assim, havia bastantes lugares para escolher onde pousar os meus dois pés como ponto de apoio. Escolhi um mais ao fundo, perto da porta, do lado esquerdo de todos os que repousavam suas poupanças nas cadeiras naquele típico dia derretedor de Olinda/Recife. Ali fiquei.
Aos poucos, várias outras pessoas iam entrando, mantendo-se assim como eu me mantinha.
Não deu muito tempo, a mulher que estava sentada na cadeira levantou-se para sair. Olhei ao redor: as mesmas pessoas que lá repousavam ali se mantiveram até o momento em que pude desfrutar de tal posição. E lá continuaram então.
Não dei muita bola no momento. "Que sorte em parar justo num lugar onde a pessoa se levantou rápido!", pensei no momento. Afinal, numa rota como a de Piedade/Rio Doce, ir sentado praticamente se torna um pré-requisito.

Mas percebi que essa "sorte" foi aumentando. Em um outro caso, num mesmo Piedade/Rio Doce, só que dessa vez no sentido Piedade - Olinda, acabei por encontrá-lo assim: cheio de gente. Postei-me ao lado de uma outra mulher [o fato de serem ambas mulheres foi coincidência, pelo menos no que eu analisei]. Ao parar no Shopping, poucos foram os que desceram. A mulher foi uma deles. Me colocasse eu em outro ponto, outro oportunista pegava o meu lugar.

Isso se repetia freqüentemente. Uma outra vez, só não sentei porque o meu amigo estava mais próximo do lugar vagado, mas tenho certeza de que só o conseguiu por minha causa.

Seria uma índole? O Universo arrumaria um jeito vagar um lugar para mim?
Seria meu campo energético? As pessoas se sentem repelidas pela energia que eu emano quando estou em pé num ônibus?
Seria meu subconsciente? Ele, ligado com os outros demais subconscientes, conseguisse saber qual daqueles ali no ambiente logo não mais ali estariam, e, diferentemente de subconscientes comuns, mandaria uma mensagem para o cérebro me induzindo a ir ao lugar escolhido?

Ou seria só sorte?

O que fica para ser perguntado também é o intuito de tal previsão. Afinal, pra que raios ela apareceria? Para o mais próvável, ou seja, alertar o ocorrido? Ou será que vai além? Vai ver aparece só para que eu a possa negar achando-a improvável, e então, quando passar a acreditá-la, ou desaparece ou então se torna falsa.

Ah, as dúvidas,
as previsões.

sábado, 13 de dezembro de 2008

E de fim,

fica o sentimento de pessimismo,
de impossibilidade de mudar os homens.

Seria isso que ele queria passar?
Ficam, mais uma vez, somente dúvidas.

Talvez a luta.
Talvez a conformação.


sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

O momento.

O momento era único. Sim, começo mais esse texto falando sobre Capitu. Pegava-me de boca aberta, esboçando olhares de admiração e repetindo "que coisa incrível!" sem qualquer cansaço.

Mas o momento foi, não era. O irmão não hesitou em fazer o que sempre faz: adentrar no quarto e acenter a luz, sem se perguntar o porquê de ela estar apagada.

-Marcio!
A reclamação foi instântanea. Claro!
O desprezo veio em igual velocidade.
-Que é, menino? Qual a diferença? Raiva, como que agir como sempre o fez fosse seu direito.

Qual a diferença?
Analisando pela óptica dele, nenhuma, eu diria.
Mas desde quando sua visão era lei?

Não pôde perceber. Não o julgo incapaz; vai ver apenas não o queria. Se não queria, seria profundamente idiota. Consideremos apenas que não sabia o que não podia perceber, a grandiosidade dos grandes.

Qual a diferença? Toda. São momentos como aquele, interrompido pelo mero propagar de luz, que se mantêm contrariando as leis de decorrência temporal: eternos.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Capitu

Ah, a grandiosidade dos grandes! Assistir à Capitu, minissérie da globo, só re-realça como Machado de Assis é infinito em sua obra, seja no espaço ou temporalmente.

E, claro, não se pode ser esquecido aquele que criou a possibilidade de tal pesca do passado machadiano, que insiste, mesmo sem demonstrar tal insistência, ou melhor, mesmo sem sequer querer, em ser atual. Deve-se dizer que a série está deveras excelente! Mesmo por só se ver um episódio, mantém-se algo que é procurado em tantas várias adaptações audiovisuais de obras-primas literárias: a fidelidade. Sim, pois para este conta-nos apenas a imaginação, além, é claro, da visão para a observação da datilografia. Mas esse último detalhe torna-se desprezível, ainda que essencial, comparado à capacidade de criação da mente humana. O que busco dizer é que traduziu-se o livro em som e imagem de maneira tão literal, admitindo aqui várias interpretações, que a série se torna não só supreendente por manter-se na linha (uma manuntenção que, ainda que seguida à rixa, chega a ser inovadoríssima, abrindo aqui lembranças do finado, se é que as personagens teriam realmente morrido, José Dias), como também uma adaptação para ser lembrada na infinitude da eternidade.

Dane-se a audiência! E, baseando-se nas mesmas velhas e repetidas histórias das "obras" globais, ao se ver projetos inovadores como o em questão, percebe-se que não há na emissora apenas falhos e perdidos.

Que fique aqui registrado nessas breves linhas meu gosto pelo programa, ainda que dure tão pouco em hora e quantidade de episódios. Mas a vida é feita de valores assim: exímios, trazendo consigo felicidade intensa, ainda que breve, como que sugerindo que alegria surgiria apenas para ser aquela de lembrança, ou ainda que vai embora para apenas dizer que a busca pela mesma é constante.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Bola de cristal mental?

Vai ver tenha sido a minha educação televisiva que me fez acreditar nessa idéia, mas acho sinceramente que há capacidades mentais ainda não exploradas. Não baseio o ponto de vista apenas em crença: há episódios que, ao menos para mim, o comprovam.

Primeiramente, o hotel. Lá estava eu, no banheiro, pronto para tomar um banho. Como se sabe, hotéis geralmente têm toalhas próprias para os hóspedes. No entanto, já que minhas estadias não seriam sempre em estabelecimentos que as providenciam, decidi levar uma minha.
Ao entrar no banheiro, jaziam as duas: a do hotel, numa espécie de cabide; e a minha, em minhas costas. Foi quando reparei como ambas eram parecidas: brancas, talvez até um pouco encardidas. O que as diferenciava era a logomarca na do hotel, enquanto a minha não passava do alvo manchado.
É aí que vem o quê de extraordinário: o pensamento.
Não foi algo esperado. Não foi algo voluntário. Repentinamente, como que surgido dos confins infinitos do nada, vem a indagação:
-E se a camareira trocar as duas toalhas?
Aquilo me prendeu por severos segundos. Buscava respostas num intervalo de tempo que aparentava durar mais do que deveria, para uma pergunta que nem precisava de tanto. Devo ter demorado por causa da incredulidade acerca do fato de desconhecer a procedência da indagação. Passado o instante, respondi a mim mesmo: "ora essa! com essa estampa, duvido ela não perceber".
Dito e feito. Ou melhor, pensado e feito. Ao voltar de um longo e frio, ainda que quente para os habitantes locais, dia londrino, constatei que minha toalha, aquela que puxava para um tom levissimamente amarelado, havia desaparecido.
Ah, como não me senti! Primeiramente, inconformado, diria até descrente do ocorrido. Rodei o quarto, e virei cada cantinho atrás dela, sem sucesso. Acabei aceitando: havia feito uma previsão certa. Mas como isso havia acontecido? Por que raios eu tinha previsto isso? Ocorreria de novo? De onde veio essa intuição?
Deixei todos os questionamentos de lado. Fiquei apenas achando o acontecimento engraçado. Fui à recepção do hotel pedir minha toalha de volta. Como seria por demais complicado obtê-la da lavanderia, aceitei ficar com uma das do hotel. Seria um bom souvenir, certamente.

Analisemos agora o segundo ocorrido: O cabeleireiro. Esse até deveras cômico. Pois bem...
Lá vou eu, cortar o cabelo. Até aí, tudo bem. Dois são os donos do local: pai e filho. um mais velho, já nos seus 50. O outro num meio-termo entre 30 e 40. A verdade é que, não por por achar o mais velho incapaz, mas prefiro quando o filho corta. O que acontece era que este estava já com um corte em caminho, e o tempo era escasso; curso de inglês em meia hora. Pois bem, vamos com Roberto.
(Robson e Roberto, os nomes, em ordem crescente de idade. Parece até dupla sertaneja, não?).
Ok. Sentei na cadeira, ele passou o avental (qual seria o nome daquela peça de roupa? enfim) por mim, água com o borrifador e vamos ao corte. Tudo muito bem.
E então, ocorreu novamente: o pensamento. Repentino, vindo de sabe-se lá onde, sabe-se lá o intuito do mesmo:
"Já pensou se ele corta a minha orelha?"
Quais eram as chances? E qual a quantidade de preconceito que havia no comentário? Até onde eu sei, era puramente inocente, mas quem sabe se não havia desconsideração por causa da idade contida inconscientemente?
A resposta foi direta e, mais uma vez, repressiva:
"Que é isso! O cara é um profissional, deve cortar cabelo a mais tempo do que eu tenho de vida, e..."
A resposta foi interrompida. Pelo quê? Ora, por aquilo que, para quem está acompanhando o texto, está esperando; mas para qualquer um que vivesse a situação seria completamente improvável.

Mas pois é. Ele, sim, cortou a minha orelha.
"FILHO DA PUTA!", pensei imediatamente. Na verdade, o ato do corte desencadeou uma corrente de pensamentos incessante. Antes de mais nada, não foi profundo; só a pontinha. "Mas o que ocorreu em seguida?", deve ser uma pergunta a ser feita. O que se esperava, o que eu esperei, na hora do ocorrido, era alguma fala. "Eita, desculpa!" seria algo bom de se dizer, seguido por um "Ainda bem que não foi profundo.", quem sabe. Esse último seria um tanto quanto desegradável de se ouvir, eu provavelmente diria "Que nada, relaxe", mas estaria na verdade pensando em algum palavrão.
Eis que, a tal corrente de pensamentos incessante, foi toda relacionada ao fato de ele não ter demonstrado nenhuma preocupação com o ocorrido. "Talvez não esteja sangrando", pensei, "e por isso ele não falou nada". Decidi verificar, e passei o dedo. Pegajoso. Vermelho. "VIADO DO CARALHO", devo ter pensado algo do tipo. Daí então a cabeça fervilhou com comentários do tipo "ELE NÃO VAI FAZER NADA?!" e outras coisas bastante ofensivas. Na verdade, quando ele viu que eu havia passado o dedo, ele passou algo que não me recordo agora, deve ter sido talco com aquela escovinha de cabeleireiro, tentando esconder o crime. Não sei o que foi pior, ele tentando disfarçar a mutilação ou o fato de eu ter sequer reagido: recusado a pagar, quem sabe, era uma boa pedida. A verdade é que, infelizmente, sou muito passivo a várias coisas às quais eu deveria reagir.
O que se sabe é que o corte rendeu boas piadas. É, realmente, uma boa história para se contar. Da outra vez em que fui cortar o cabelo (não com ele, mas com o filho, felizmente), pessoas verificaram o estado da minha orelha, ou então perguntaram "e aí, tá inteira dessa vez?".
Eu acho que estava muito ocupado xingando o velho gagá com parkinson filhadaputa na hora do ocorrido, mas depois eu comecei a refletir acerca do fato de que, mais uma vez, algo que eu havia apenas considerado se poderia acontecer havia acontecido de fato. A verdade é que eu guardei a experiência exatamente para poder então relatar sobre o caso da previsão. A capacidade estava se tornando cada vez mais real. E perceptível.

Falta ainda o caso do ônibus. Mas que fique para depois; são uma e cinco da manhã, e preciso ir ao médico bem cedo (uma e seis agora) na alvorada (tudo para não repetir 'manhã') seguinte. E realmente espero terminar isso aqui antes de passar a ser uma e sete.

(Consegui.)
(No momento da digitação do 'i' de 'consegui', constato o contrário.)
(Agora sim.)
(Sem constatações divergentes.)