sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Lento retorno

O tempo me passa? Vai ver passa apenas a si próprio, ou a todos nós. Tempo nem deve ser coisa pra se passar.

As palavras me faltam. Não exatamente; elas vêm, soltas, destrinchadas, pedaços de letras, até. Mas só à cabeça. Cérebro, córtex frontal, seja onde for que elas se encontrem. O dia já vem, e me arrependo de eu não ir. À cama.

Me arrependo de muitas coisas. Por mais que se diga mundo afora para não se arrepender. Isso é só mensagem codificada para aquele que a proferiu, na esperança de que, quem sabe, os arrependimentos do falante não pesem mais. Me arrependo de não ter comprado um bonito quadro. Me arrependo também de não mais escrever. De não mais ler como gostaria. E assim, minhas diretrizes, tão fielmente defendidas, me faltam. Sou um hipócrita. Falo de meus ideais, mas não os cumpro.

Sou eu vítima (ou causador?) de pesaroso sentimento, do qual me sinto até envergonhado de dizer qual é. E assim, o que mais gosto, o que mais amo (amo?), o que mais admiro (agora sim!) se vai para longe.

Mas talvez haja esperança. E o que me falte seja o combustível, seja inserir-me no meio. E assim eu volte a praticar o que tanto gosto. Admiro. Talvez assim eu volte a ser quem sou. Ou venha a me tornar quem quero ser. Quem sabe meu universo interno se expanda. Quem sabe siga Einstein e multiplique-se. Infinite-se.

Quem sabe assim eu venha a ser.