domingo, 29 de junho de 2008

"eu não senti você no texto."

Essa coisa de escrever é complicado. Ainda mais pra alguém como eu. Não é querendo me excluir da sociedade, mas, eu acho até que isso já foi dito antes, eu meio que tenho "múltipla personalidade". Nada a ponto de endoidar; são até bem controladas. Eu diria que, ao invés de esperar que a pessoa goste de mim, eu me adapto a ela. Não que eu mude completamente de pessoa para pessoa, é só que eu deixo relevar certas coisas, sabe? Certo jeito de agir que seria irritante alguns amigos meus, eu vejo e digo "e daí?". Depois sou criticado por isso. "Como tu consegue ser amigo dele?" Bom, estou fugindo do tema do texto.

Acontece que, quando eu estou escrevendo, pelo menos aqui, é como se eu não fosse eu. Não sou mais a pessoa que se apresenta a todos, o menino alegre que tá sempre calmo. É a minha hora de pensar, de exteriorizar aquilo que não aparece. E cara, é assim que eu sou na verdade. Ou na mentira. Quem garante que essa não é uma forma de mentir para mim mesmo?

"eu não senti você no texto." Verdade. Vai ver eu nem estivesse lá. Vai ver eu fosse apenas um expectador da situação. Vai ver eu nem sou eu, mas sou quem as pessoas querem que eu seja. Se assim for, ou eu nem existo, ou então existo de todas as formas possíveis.

sábado, 28 de junho de 2008

(Ex-)Segredo.

E eu achando que iria conseguir manter tudo isso em segredo por muito tempo. Haha! Mal deve ter se passado uma semana (preguiça de ver a data do primeiro post) e já fico com as mãos e língua coçando para digitarem ou dizer sobre a existência disso aqui. Bom, só para amigos íntimos: afinal de contas, eles também são uma parte de mim, não é mesmo? A proposta de manter remetente e destinatário os mesmos deve se manter, em suma.

Medo.

Morro de medo das coisas. Agora que abri esse blog, tenho medo até de virar grafomaníaco! Tudo bem, esses caras escrevem em qualquer canto, a qualquer hora e qualquer coisa, e as coisas aqui chegam a ter um certo sentido (pelo menos eu tento). Mas tem muita coisa que assusta também. Nada muito incomum. Por exemplo, medo do que virá após a morte... Não, sério, se quando a gente morre a gente acorda depois, sabe? Ou se acaba ali. A idéia de ter um fim desse jeito, tão brusco, de modo que a existência acabe é tão radical. É só o nada. Sei lá, é difícil assimilar.

Falando disso só me vem "1984" na cabeça, de George Orwell. Fico devendo esse pra ler também, mas por enquanto estou me dedicando à Literatura conterrânea. Penso o quarto, onde lá dentro há o seu maior medo. Me pergunto qual seria o meu maior medo. Bom, no caso de (pausa para pesquisar no Wikipedia o nome do personagem principal) Winston, eram ratos. Considerando animais, eu acho que seriam aranhas, ou sapos, ou algum inseto. Detesto-os. Mas e se fosse algo menos concreto? Mais racional? Vai saber. Por mais aterrorizante que fosse, eu gostaria de saber o que é aquilo que mais temo. Sabe como é, esse tipo de coisa que em livros se define fácil por meio de uma fantasia: medos, pessoa mais amada, entre outros. Pena que na vida real não é tão fácil.

Teatro.

O que você mais gosta no Teatro Mágico?

So há uma coisa da qual eu gosto. Sou um homem amargo, detesto a vida, detesto a mim mesmo. Só não fui embora ainda porque tenho medo de suicidar-me. Esse era o único motivo, até que ouvi O Teatro Mágico. Seja pelos jogos de palavras, pelos ritmos, pelas acrobacias, pelas atuações, essa banda/trupe me transforma. O que mais gosto? O modo como conseguem tornar o meu disgosto em amor.


quinta-feira, 26 de junho de 2008

Vontade.

Por muitas vezes você se vê numa vontade de expressar algo, mas nunca sabe como e por quê. Não? Bom, duvido que seja exclusividade minha, sei que alguns outros devem se sentir assim também. Daí que surge a pergunta "mas que raios é isso que quero dizer?" Então se inicia uma grande varredura por sua mente, como ocorre com o google: os departamentos entram em desespero e saem procurando como uns loucos pelos arquivos gravados até o presente momento, na esperança de encontrar qualquer tipo de informação. Na maioria das vezes, não se obtém sucesso. É a partir daí que começa o plano B: escrever aleatoriamente sobre algo que nem você sabe o que é. Pois bem, as palavras vão saindo assim na doida, o único controle existente são as suas aulas de redação que o forçam a trocar palavras repetidas. Exceto isso, tudo corre loucamente. O problema é que nesse meio (que já se tornou longo) tempo você olha para o horário e percebe que o tempo levado para expressar aquilo que você não sabe foi muito longo, e logo você será chamado para voltar às atividades regulares e rotineiras do dia. mas tanto tempo para não expressar nada?! Pois é, para os pacientes (se é que existiram) que começaram a ler isso aqui, foi apenas um texto para esvair a vontade de escrever, sem qualquer conteúdo (assim considero; espero esperançosamente que alguém o ache) real.

Queijo e goiabada.

Sei que já comentei sobre a Literatura há pouco tempo, mas não consigo manter-me em um único texto! Essa forma de arte está em mim de maneira inabalável. Na verdade, meu único medo é que ela permaneça estagnada na produção do século XX. Mas afinal, o que fazer para torna-me um escritor renomado? Sonho em me ver sendo estudado em livros de português. Minhas obras sendo sugeridas em vestibulares, ah! Para mim, eles são heróis, os modernistas. Mal os conheço, mas sei que devo amá-los. São tão heróicos quanto Planck, Einstein, Newton e tantos outros. Morro de amores pela Física, mas estou apaixonado pela Literatura. Aquela é a minha curiosidade, a minha inquietação; esta, é meu dever com a sociedade, minha manifestação. Só eu mesmo para juntar duas áreas tão distintas.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Perfeição.

Leio o texto dos outros e vejo tudo como se fosse tão simples. Sei lá, leio e parece que não deu trabalho escrever tudo aquilo: fluiu normalmente. Já eu, olho pros meus e vejo lixo. Não é com falsa modéstia não, é sério. Não é que eu considere meu texto uma completa porcaria, é só que eu vejo que eu não tô conseguindo traduzir tudo o que eu tô pensando no papel. Não sei se isso é o que todo mundo pensa, é o que eu penso. Os dos outros parece exato. Os meus não: são desorganizados. Minha cabeça é sempre angustiada.

Ela.

Sempre havia se considerado diferente. No fundo, era igual a todos, mas não precisava saber disso. Se achava anormal (palavra aqui usada simplesmente no sentido de não ser comum, ao invés do que geralmente se atribui a ela, que é ter algum problema mental), mas com o tempo passou a gostar disso. Via todas as outras pessoas se comportando diferentemente, das mais diversas maneiras. A mais relevante era, ao menos por um bom tempo, o gosto musical. Na verdade, o que era incomum era o seu jeito de pensar mesmo, mas isso se refletia fortemente na música. Depois viu que a diferença majoritária era a conformação com o mundo como ele era. Mas o gosto musical o afetara mais no passado. Ouvia aquilo que todos chamavam de ruim, merda, ou mais comumente, "parado demais pro meu gosto". De fato, o ritmo era um tanto quanto mais lento. Os outros preferiam batidas recicladas em todas as músicas, sanfonas e letras sexualmente "educativas", ou então de urros e solos de guitarras, tudo num volume muito alto. Chegava a ser discriminado, mas nada muito sério.

Perguntava-se freqüentemente por que estava "só". O "só" era atribuído a não achar ninguém parecido com ele, pois muitas pessoas o cercavam. Sentia-se deslocado. Vai ver até tivesse sofrido com isso, não se lembrava ao certo.

E o tempo passou.

Aprendera a se conformar à incomunidade. Aprendera a aceitar como os outros eram, sem levantar comentários, pois estava em minoria e logo não teria força para contra-argumentar. Passou a ver que ele nada seria se não se relacionasse com todos. Bom, algumas diferenças ele não respeitou, mas se esforçou ao máximo para fazê-lo. Tá bem, talvez nem tanto.

Não tenham a impressão errada. Ele não era um ser frio e calculista, cujo objetivo era subir na vida e pisar naqueles que não eram como ele. Simplesmente percebeu que não era necessário relevar certas diferenças, pois elas apenas complicariam seu relacionamento com o mundo.

Pois bem, passado a adaptação, surgiu um momento. Foi quando os encontrou. Eram pessoas. Mas não quaisquer pessoas: pareciam ser tudo aquilo que ele procurava e não encontrava. Pareciam ser como ele: diferentes e, portanto, iguais. Ficou maravilhado. De certa forma, passaram a ser sua nova vida, mas com um pouco de cuidado para não acabar com a "velha" vida, pois sabia que seria algo completamente errado a se fazer (alguns descuidos foram inevitáveis, infelizmente).

Mas a mágica se acabou. Pois é, perdoe essa frase brusca que muda todo o rumo do parágrafo acima, mas assim foi. Não foi uma coisa ruim, não entenda dessa forma! O problema é que ele percebeu que a diferença não era uma só. Ele, como uma grande amiga já havia constatado, era diferente por demais, mas ao mesmo tempo muito igual. Em outras palavras, havia semelhanças em comum entre cada grupo. Devia ser uma habilidade natural, quem sabe: adaptava-se aos ambientes até com uma certa facilidade, ao invés de recusá-lose preferir os antigos.

Bom, devo admitir que boa parte dos parágrafos acima saem da idéia principal da história. Mas foi só para dar uma idéia de como o tal garoto se sentia no meio de tudo. Na verdade, a inspiração surgiu pouco depois de ir ao banheiro. Voltemos ao rumo.

Ela surgiu. Não que ela tivesse renascido das cinzas como uma fênix, apesar de ela fazer isso várias vezes em sua mente, mas é que ela passou a freqüentar a sua vida. Não com abundância: na verdade eram encontros raros, dos quais a maioria era virtual, e uns poucos contados em duas mãos, reais. Sejam quantos forem, foram o bastante.

Achara-a estranha. Não aquela estranheza que amedronta, mas sim uma que incomoda, não a ponto de ser desagradável. Era como se ela realmente existisse, enquanto os outros eram meros devaneios. Na verdade, ficou curioso. Foi como uma criança com uma lupa. Quis analisá-la, descobri-la. E o fez: longos relatos das respectivas vidas foram feitos. Não se cansava de escrevê-los, e muito menos de lê-los. Pelo contrário: escrever exercitava o exercício de ser escritor, coisa que ela fazia bastante, até admirava!

Com o tempo, a curiosidade passou a interesse. O interesse passou a admiração. A admiração, ao amor. Havia se apaixonado. Ela escrevia, ela lia, ela era preguiçosa, ela brincava, ela amava os amigos da maneira incomum que ele amava, ela fazia álbuns de fotos criativos, ela gostava do que ele gostava, ela era simplesmente ela. E isso era o que precisava para amá-la. Nunca quisera admitir o amor. Era fraqueza: até porque tal sentimento só iria piorar a condição. A condição era que ele, amando-a sem saber ou sem admitir, não era correspondido. E passou-se um ano. Sim, pouco tempo. Mas o tempo é muito na adolescência.
Deixara-a de lado. Isso era o que ele pensava: era só ela dar suspeitas de um fim de relacionamento que ele a procurava, apenas para depois ser surpreendido pelo retorno.

Pensava que, se tivesse a chance, se pudesse estar com ela ao menos uma vez, conseguiria-a para sempre. Não é que a chance surgiu? Tudo na sua vida era perfeito. Ele a viu pedir, por meio de indiretas, claro, a sua presença. Era tudo o que desejava. E teve. O encontro com ela foi inesquecível. Lembra-se de todos os momentos tão bem que pode descrevê-los de maneira detalhosa. O nervosismo minutos antes de vê-la, a ansiedade. Ao se encontrarem, ambos disfarçaram os sentimentos ali envolvidos, com piadas sobre estudos, desculpa utilizada para o encontro. Ele a abraçou como se abraçaria uma amiga ao vê-la. Não que não quisesse abraçá-la de maneira diferente, mas estava nervoso e tímido. Mas ela, não: era como se tivesse esperado por aquilo há muito tempo. Ele havia esperado. Foi tão intímo que era como se os dois se conhecessem a anos. Ela se encaixou nele como se os braços do garoto fossem o único lugar onde ela pudesse ser feliz. Pelo menos foi assim que ele se sentiu. Após o longo abraço, que foi um intervalo que durou quase que um dia, visto a quantidade de pensamentos passada pela cabeça, ele procurou os lábios dela. Sem resposta, infelizmente. Mas logo entendeu: ela disse ter vergonha e, ao olhar para o lado, percebeu presença de outros. Perguntou por um lugar mais privado. Ela respondeu. E para lá foram. No começo, ficaram só apreciando o momento. Se olhavam longamente, como se quisessem memorizar os rostos um do outro. Ele constatou que havia muitos pêlos na face dela; não a tornara masculina, simplesmente era incomum e ao mesmo tempo um tanto quanto imperceptível. Mas ele muitas vezes percebia o difícil de se perceber. Seus narizes se encostavam levemente. Era bom demais para ser verdade. Mas era verdade. Ele novamente procurou seus lábios e, dessa vez, fora respondido. Que lábios. Que beijo. Percebeu que nunca quisera beijar alguém como a beijou. E como a beijou. Ele se esforçou ao máximo. Minto. Na verdade, não havia qualquer esforço: era natural, espontâneo. Todo aquele sentimento estava dentro dele por muito tempo, e aquela era a hora para extravazá-lo. Ela, no entanto, mostrava-se mais fechada. Não é que não quisesse, estava apenas indecisa. Tenho medo. É que... sei lá, dizia ela. "Sei lá" era uma parte constante de seu vocabulário quando tentava se expressar. Ela o avisara sobre isso. Foi dessa forma que passaram a tarde: entre beijos e conversas sobre sua vida: não se conheciam tão bem.

Tivera uma tarde com ela, e aquela tarde havia se tornado única para ele. Flutuava com um amor tal. 'Cê tá apaixonado, suas amigas diziam. E ele: tô nada. Mas claro que estava. Tanto estava que não percebera que não haviam tomado qualquer decisão sobre o futuro disso tudo. Para ele, achava que já estava tudo resolvido: iriam devagar, pois ela acabara de sair de um relacionamento, mas depois iriam deixando as coisas mais sérias.

Foi o seu erro. Se é que pode ser considerado um erro. Três dias após, ela veio falar com ele. Vale lembrar que não haviam trocado qualquer palavra nesse intervalo. Ela trazia uma decisão, decisão essa... negativa, para ele. Disse que percebeu que só o via como um amigo. Aquilo o desmoronou, claro. Falava com uma amiga no telefone no momento, e ela percebera sua alteração. O baque foi mais intenso mais tarde. Todos os sonhos feitos haviam acabado.
Alguns dias se passaram desde o ocorrido. Umas duas semanas, provavelmente. No começo, ele superou e disse para tudo se danar, que tinha que começar a ver ela de maneira diferente, como uma amiga. Amiga. Pense numa palavra para doer nessas horas! Mas tentara aceitar o fato. Tentou, e tentou muito, só que sem sucesso.

Ele percebeu o que sempre soube desde que começou a reparar nela, desde que começou a esperar as suas respostas na comunidade que freqüentavam, desde que começou a estranhar quando elas pararam de vir. O que ele percebeu foi que não havia jeito de deixá-la para trás. Como quer que tenha acontecido, ela estava dentro dele. Poderia até tentar buscar outros amores, mas sabia que ela só precisava chamar para que ele fosse. Claro, todas as outras meninas o consideravam um completo imbecil por agir assim. Mas a verdade é que o amor cega as pessoas. Ele sabia que estava cego, mas o que poderia se fazer? E cegueira lá se cura?! Ela estaria com ele para sempre. Por mais que ele quisesse enxergar, não poderia, pois ele amava. E esse amor é único em sua vida.

Talvez esse sentimento acabe. Mas nesse instante, que é eterno, é tão duradouro quando o que eu sinto. Seja devaneio adolescente ou não, é assim que me sinto agora.

sábado, 21 de junho de 2008

Preguiça.

Uh! Preguiça de escrever. toda vez que eu penso em algo para aqui botar, vem-me o sentimento de que o tema é bom, mas não serei capaz de desenvolvê-lo o bastante, e daí vem a indisposição. Tá vendo? Agora mesmo sinto a dificuldade de prolongar-me nas palavras. O segredo deve ser ler mais, ou melhor, ler sempre! Sei lá, quando iniciei A Hora da Estrela, veio-me uma inspiração de sabe-se lá onde! Deu-se que foi só ouvir (sim, ouvir. livro áudio, ora bolas. viva a tecnologia!) umas poucas páginas para que eu conseguisse manter um texto mental de minha casa até a parada de ônibus. Devo dizer que não é um caminho curto! Mas taí outro problema: mermo que eu desenvolva, acho até que não vou conseguir passá-lo pro papel, ou melhor, para a tela. ou seria para o teclado? Enfim, aí fica nisso, nesse chove-não-molha. Se eu fosse contar quantas vezes já deixei de escrever algo pro preguiça... pra começar, as redações do curso! Sim, porque o que há de dissertações passadas e dissertações não escritas...
Bom, mas a criação desse blog é exatamente para quebrar isso. Não, não é para escrever dissertações! E sim para ver se consigo esvair essa vontade que aqui dentro me acode, e, é claro, na tentativa de dar um jeito nessa preguiça. Que haja sucesso!

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Ler.

Mas afinal, porque é que ninguém mais lê? Ou melhor, que preferência é essa ao de fora? Tá, sempre foi assim com muitas outras coisas, não só livros, sem falar que era nesse grupo que eu me encaixava há alguns meses. Nada mais existia além do mundo mágico de J.K. Rowling (que por sinal nem foi realmente criado por ela). Os finais imprevisíveis e surpreendentes eram os de Dan Brown (para o primeiro livro apenas, pois o autor, convenhamos, não consegue mudar a fórmula). As desgraças e mistérios eram exclusivos da desafortunada série de Daniel Handler.


Bom, na vida escolar ninguém é muito chegado à leitura. Não no ginásio, ao menos. Tantos alegam que nada se aprende lá! Chego a acreditar que é verdade. Não porque as pessoas dizem, claro, mas depois de grande reflexão, é verdade. Enfim, dá-se que passam aqueles livros que, na sua cabeça ginasial e infantil são enormes. Não há a mínima disposição para a leitura. Todo mundo pensa que é inútil gastar dinheiro com aquilo, uma vez que existem celulares e mp3 pelo mundo afora. Daí que muitos recorrem ao resumo, ou seja, os textos que qualquer criança de 3 anos sabe achar, visto que todos conhecem o onisciente, onipresente e onipotente: o Google. Há uns um pouco mais esforçados, que fazem o possível para não depender dos textos virtuais, e vai atrás daquele aluno que gosta de obedecer a escola veementemente, ou vai ver é obrigado pelos pais e acaba comprando o livro. É um alvoroço. O menino vira um bibliotecário: a fila de espera para o livro chega a durar semanas! Só se coloca as mãos no exemplar quando chega a véspera da prova (o que irrita o restante da fila). Daí, o menino dedica umas poucas horas de sua tarde para a leitura (o resto do dia ele vai jogar bola, ou brincar de bonecas no caso das meninas). Lê-se apenas as partes que ele julga "relevantes para a história", ou seja, a progressão temporal. Toda e qualquer descrição de cena é pulada. Daí pula aquelas partes chatas que, parece até Lei de Murphy, sempre estão na prova, enfim.

Pois é, mas eis que cheguei ao ensino médio. Para ser mais exato, ao 2º ano: minha vida literária no ano anterior não foi exatamente agitada (tirando, é claro, Harry Potter). Foi como se a semente tivesse sido plantada... Ou será que ela sempre esteve aí e só esteve esperando uma regada pra crescer? Seja como for, foi. Barroco, Arcadismo, Romantismo, Realismo, Naturalismo, Parnasianismo, Simbolismo, Pré-modernismo e Modernismo. Não que eu já tenha estudado todos, mas a curiosidade é tamanha que já tenho um certo conhecimento sobre eles. Até agora, incluo na minha lista Dom Casmurro (esse visto minunciosamente, já que foi feito o típico trabalho de julgar capitu, onde a defendi), Primo Basílio e agora inicio A Hora da Estrela. Ok, ainda estou engatinhando. Tá, nem saí do útero. Mas pra mim, o que importa é a curiosidade, essa vontade de querer saber mais sobre toda essa revolução cultural que ocorreu no Brasil em tão pouco tempo. Enquanto isso, meu amigo conta os minutos para que a aula de Literatura acabe.

Por que não se lê? Vai saber. Parece que o pessoal não é muito ligado em cultura. Ninguém conhece a virgem dos lábios de mel, ou os olhos de cigana oblíqua e dissimulada. Preguiça? Talvez, porque assistir às novelas da Globo é bastante fácil. Alías, Mariana Ximenes descobriu que é filha de Patricia Pillar? Nem me pergunte quem são os personagens, só vi as capas de "Tititi" e "Nem te conto" no caixa do Bompreço.

Só que eu fico matutando e surge outra pergunta... por que não se produz livros? O único que vejo em circulação por aí é Paulo Coelho. Deve haver outros, só que eu, embrião que sou, não vejo. Um professor diz que a literatura deu o que tinha para dar. Mas não seria assim que os escritores de um determinado movimento pensava, quando, "de repente", surgia outro? Flávia diz que escritor no Brasil agora só tem vez escrevendo crônica de jornal ou blog (Ih, será esse o meu futuro?). Com a Internet, também, tudo virou digital, até livro! Mas não vejo nada contra. O mundo está convergindo para a livre circulação de informação. Produzir um livro deve ter ficado complicado! Espero eu escrever um livro, sim, e não ficar apenas no blog. Mas vamos por partes, sim? Que venha a idéia para o próximo post.