sexta-feira, 20 de junho de 2008

Ler.

Mas afinal, porque é que ninguém mais lê? Ou melhor, que preferência é essa ao de fora? Tá, sempre foi assim com muitas outras coisas, não só livros, sem falar que era nesse grupo que eu me encaixava há alguns meses. Nada mais existia além do mundo mágico de J.K. Rowling (que por sinal nem foi realmente criado por ela). Os finais imprevisíveis e surpreendentes eram os de Dan Brown (para o primeiro livro apenas, pois o autor, convenhamos, não consegue mudar a fórmula). As desgraças e mistérios eram exclusivos da desafortunada série de Daniel Handler.


Bom, na vida escolar ninguém é muito chegado à leitura. Não no ginásio, ao menos. Tantos alegam que nada se aprende lá! Chego a acreditar que é verdade. Não porque as pessoas dizem, claro, mas depois de grande reflexão, é verdade. Enfim, dá-se que passam aqueles livros que, na sua cabeça ginasial e infantil são enormes. Não há a mínima disposição para a leitura. Todo mundo pensa que é inútil gastar dinheiro com aquilo, uma vez que existem celulares e mp3 pelo mundo afora. Daí que muitos recorrem ao resumo, ou seja, os textos que qualquer criança de 3 anos sabe achar, visto que todos conhecem o onisciente, onipresente e onipotente: o Google. Há uns um pouco mais esforçados, que fazem o possível para não depender dos textos virtuais, e vai atrás daquele aluno que gosta de obedecer a escola veementemente, ou vai ver é obrigado pelos pais e acaba comprando o livro. É um alvoroço. O menino vira um bibliotecário: a fila de espera para o livro chega a durar semanas! Só se coloca as mãos no exemplar quando chega a véspera da prova (o que irrita o restante da fila). Daí, o menino dedica umas poucas horas de sua tarde para a leitura (o resto do dia ele vai jogar bola, ou brincar de bonecas no caso das meninas). Lê-se apenas as partes que ele julga "relevantes para a história", ou seja, a progressão temporal. Toda e qualquer descrição de cena é pulada. Daí pula aquelas partes chatas que, parece até Lei de Murphy, sempre estão na prova, enfim.

Pois é, mas eis que cheguei ao ensino médio. Para ser mais exato, ao 2º ano: minha vida literária no ano anterior não foi exatamente agitada (tirando, é claro, Harry Potter). Foi como se a semente tivesse sido plantada... Ou será que ela sempre esteve aí e só esteve esperando uma regada pra crescer? Seja como for, foi. Barroco, Arcadismo, Romantismo, Realismo, Naturalismo, Parnasianismo, Simbolismo, Pré-modernismo e Modernismo. Não que eu já tenha estudado todos, mas a curiosidade é tamanha que já tenho um certo conhecimento sobre eles. Até agora, incluo na minha lista Dom Casmurro (esse visto minunciosamente, já que foi feito o típico trabalho de julgar capitu, onde a defendi), Primo Basílio e agora inicio A Hora da Estrela. Ok, ainda estou engatinhando. Tá, nem saí do útero. Mas pra mim, o que importa é a curiosidade, essa vontade de querer saber mais sobre toda essa revolução cultural que ocorreu no Brasil em tão pouco tempo. Enquanto isso, meu amigo conta os minutos para que a aula de Literatura acabe.

Por que não se lê? Vai saber. Parece que o pessoal não é muito ligado em cultura. Ninguém conhece a virgem dos lábios de mel, ou os olhos de cigana oblíqua e dissimulada. Preguiça? Talvez, porque assistir às novelas da Globo é bastante fácil. Alías, Mariana Ximenes descobriu que é filha de Patricia Pillar? Nem me pergunte quem são os personagens, só vi as capas de "Tititi" e "Nem te conto" no caixa do Bompreço.

Só que eu fico matutando e surge outra pergunta... por que não se produz livros? O único que vejo em circulação por aí é Paulo Coelho. Deve haver outros, só que eu, embrião que sou, não vejo. Um professor diz que a literatura deu o que tinha para dar. Mas não seria assim que os escritores de um determinado movimento pensava, quando, "de repente", surgia outro? Flávia diz que escritor no Brasil agora só tem vez escrevendo crônica de jornal ou blog (Ih, será esse o meu futuro?). Com a Internet, também, tudo virou digital, até livro! Mas não vejo nada contra. O mundo está convergindo para a livre circulação de informação. Produzir um livro deve ter ficado complicado! Espero eu escrever um livro, sim, e não ficar apenas no blog. Mas vamos por partes, sim? Que venha a idéia para o próximo post.

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