sexta-feira, 17 de julho de 2009

Falha de comunicação

Posto de beira de estrada. Lojinha de conveniência. Algum lugar no Mato Grosso. Com sede, pergunto:
-Quanto é a latinha de ixpraite?

Duas meninas atendem. Uma delas não resiste, esconde o riso e sai da minha vista. A outra indaga:
-O quê?
-A lata de ixpraite. Quanto é?
A expressão dela seria a mesma se eu tivesse pedido asvujabsrtls. Começo a pensar se não deveria dizer "Quanto éah a latchinha dji ispraitxe?", mas fico com a repetição e passo a gesticular.

-A lata, a lata - simbolizo algo parecido com uma utilizando as mãos - quanto é?

A "sumida" ri mais. Está atrás da parede. Não a vejo, mas sei onde está. Minha vontade é de dizer que isso não se faz, que há vários modos de falar pelo Brasil, que o dela não é o certo, que não há certo, que o meu não é engraçado por ser diferente... mas prefiro desistir.

-Dois reais - a falante finalmente responde.

Pago, pego, espero o troco, tomo. Ou melhor, bebo. O gosto da matogrossense é o mesmo da pernambucana.

5 comentários:

Marina disse...

Orgulho-me do meu sotaque, sabia? Acho linda essa diversidade de maneiras de falar num só idioma. Acho que todo mundo deveria apreciar e não sair zoando uma das nossas maiores riquezas.

Bruna monteiro disse...

ixi, aqui no Rio é a mesma coisa. O que me tranquiliza é que junto comigo tem um mineiro, dois baianos, uma paraibana, um paulista e um do amazonas [ amazonense?]. São tantos sutaques pra tirarem onda, que acabam tirando onda de nenhum. Não que eu saiba.

Anônimo disse...

Gosto de sotaques. E o recifense, sua amiga Marina me ensinou (mostrando quem o falava, haha) a gostar. Acho simplesmente lindo o jeito completamente diferenciado de falarem e sinto até uma pitada de inveja. Paulistano como sou, tenho menos a percepção do meu sotaque paulistano do que vocês do seu de recifenses.

Bom texto. E desce a spráitch, tru.

Emerson disse...

É isso mesmo, já passei por isso no Rio, Porto Alegre e Recife e, agora que estou com quase os 2 pés em Recife, me divirto com essas histórias. Sotaques são lindos e sempre digo, nunca perca o seu! Meu, parabéns pelo texto.

Nina disse...

Pra você vê o que eu não sofro!