quinta-feira, 15 de julho de 2010

Um novo par de olhos

Por um tempo de agora me pus a usar óculos. Admito que no fundo sempre tive curiosidade; não sabia o que me esperava. Primeiramente porque todo e qualquer tipo de partícula parece ser atraída por aquelas duas lentes de 15cm². Mas que posso fazer, é só assim que os minúsculos pontos de luz se ordenam.

O problema é que algo me incomoda ao pôr esse par de gafas. Não sei bem o quê. Nesse mundo de homens tão dependente da visão, pô-los me faz ver tudo diferente. Nítido, mas cinza. E nesse mundo de homens tão dependente da visão, toda a construção que fiz do ao meu redor com o passar do tempo vem-me agora distinta, confusa ao meu antigo ver. Claro que nem sempre fui míope, mas um ou dois dos mais importantes de meus escassos anos foram vividos com a luz se indo a todos os lados.

Eis que, portanto, alterno-me entre os dois mundos. Um onde os conceitos são imponentes, definidos, palpáveis. E o outro, que é minha pátria. Daqui me vim, e aqui me formei e a tudo. Aqui, onde a luz decide ir a outros lugares que não meus olhos, e os pontos trocam de lugar uns com os outros na ordem certa das coisas. Eu sou aqui, e aqui tudo se é difuso. Mas se você chega bem perto, as coisas voltam ao lugar.

Um comentário:

Marina disse...

Não tenho nenhuma vontade de usar óculos. Acho que não me acostumaria a ter esse peso em cima do nariz e ter que olhar sempre pra frente.