terça-feira, 2 de junho de 2009

De dentro do monstro de metal que come gente e depois as evacua.

Andar de ônibus hoje em dia no Recife predispõe a existência de algumas coisas. Além das já habituais paciência, calor e medo (seja de assalto ou de coisas como passar o trajeto em pé ao lado de uma agradável axila, ter seu ombro como travesseiro de um desconhecido, entre outros...), surge ainda a necessidade de um pequeno apetrecho tecnológico, composto de uns muitos chips e alguns gigas de memória (e pensar que há poucos anos 256 megabytes era música que não acabava mais). Este, acoplado a um fio que se bifurca em duas extremidades, passou a ser essencial em qualquer viagem no transporte público. Para quantos mundos não se viaja com esses pequenos dispositivos enfiados na orelha! De fato, o escapismo proporcionado é formidável. Combinado a uma janela na sombra e um dia ventoso, então...

Pois é, aparelhos como mp3 ou celulares modernos com tocadores do formato tornaram-se imprescindíveis. Inclusive para mim. Se ônibus é meu lugar de divagações, com uma musiquinha supimpa nem se fala. Talvez assim entedam minha frustração no momento dado.

Encontrava-me eu num Rio Doce/Piedade com mais dois amigos. Os leitores olindenses frequentadores do Shopping Recife de independência o bastante para irem sozinhos mas de idade baixa para dirigir um carro sabem como é gratificante encontrar um Barra de Jangada dando sopa quando se precisa, uma vez que sua probabilidade de aparecer na necessidade é quase nula. Lotado, sim, mas nada melhor do que descer dentro das imediações do centro de compras. Após alguns poucos minutos de conversa, meus dois amigos começam a tirar de seus respectivos bolsos aparelhos executores de mp3. Que ótima ideia!, pensei comigo mesmo alegremente. A alegria se foi ao constatar que meu fone havia ficado em seu lugar de repouso: minha casa. Quando fui informar tal fato aos amigos, já era tarde: ambos estavam embalados em mundos próprios, tornando o fato de estarem em pé "parados" pelos próximos 50 minutos irrelevante. Estavam distantes, logo tudo que eu poderia fazer era ir cutucá-los ou gritar loucamente por eles, mas não sou do tipo que incomoda os demais passageiros.

Felizmente, como um bom incentivador à ideia escrita, surgiu-me, no momento do isolamento em pleno percurso descrito acima, esses parágrafos que aqui estão sendo lidos. Na verdade só as primeiras 20 palavras; tinha em mão apenas o celular, e digitar um texto desses não era exatamente agradável (nem com T9), me levando a escrever o resto posteriormente.

Mas o que realmente me agradou foi o ato generoso. Após um tempo, com a diminuição do contingente populacional no veículo, pude novamente reunir-me com meus amigos. Um deles, bondoso e atencioso como ele só, ofereceu-me um dos fones. Que felicitação! Melhor do que criar todo um universo com a música, é ter alguém com quem compartilhá-lo.

É por essas e outras que continuo amando os ônibus.


3 comentários:

Marina disse...

Peraí, com gente pra conversar vocês ouvem música? Eu só ligo o meu mp3 quando estou sozinha, pra passar o tempo. Tendo com quem conversar ou brincar, dou prioridade às pessoas. Sem dúvida.

david disse...

natzilds, leva um livro que passa mais rápido o tempo. como freqüentador assíduo do cdu, tenho experiência no assunto ashushau :p. dá pra ler em pé na moral, ainda, sem bronca nenhuma. e msm qnd vou pra qlqer lugar e brá, já que tou sempre com uma bolsa, tem sempre um livro pra situações de espera, como ônibus! visto que você também é adepto à teoria da bolsa ser útil, aí facilita o/
ah, já consultei oftalmologistas, é mó lenda aquilo do olho se fuder e brá. isso seria pra variações gigantescas e freqüentes de velocidade.

ajuda mais q mp3, na minha opinião 8D

bgs min joga na saraiva

Unknown disse...

muito bom o texto!