terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Capitu

Ah, a grandiosidade dos grandes! Assistir à Capitu, minissérie da globo, só re-realça como Machado de Assis é infinito em sua obra, seja no espaço ou temporalmente.

E, claro, não se pode ser esquecido aquele que criou a possibilidade de tal pesca do passado machadiano, que insiste, mesmo sem demonstrar tal insistência, ou melhor, mesmo sem sequer querer, em ser atual. Deve-se dizer que a série está deveras excelente! Mesmo por só se ver um episódio, mantém-se algo que é procurado em tantas várias adaptações audiovisuais de obras-primas literárias: a fidelidade. Sim, pois para este conta-nos apenas a imaginação, além, é claro, da visão para a observação da datilografia. Mas esse último detalhe torna-se desprezível, ainda que essencial, comparado à capacidade de criação da mente humana. O que busco dizer é que traduziu-se o livro em som e imagem de maneira tão literal, admitindo aqui várias interpretações, que a série se torna não só supreendente por manter-se na linha (uma manuntenção que, ainda que seguida à rixa, chega a ser inovadoríssima, abrindo aqui lembranças do finado, se é que as personagens teriam realmente morrido, José Dias), como também uma adaptação para ser lembrada na infinitude da eternidade.

Dane-se a audiência! E, baseando-se nas mesmas velhas e repetidas histórias das "obras" globais, ao se ver projetos inovadores como o em questão, percebe-se que não há na emissora apenas falhos e perdidos.

Que fique aqui registrado nessas breves linhas meu gosto pelo programa, ainda que dure tão pouco em hora e quantidade de episódios. Mas a vida é feita de valores assim: exímios, trazendo consigo felicidade intensa, ainda que breve, como que sugerindo que alegria surgiria apenas para ser aquela de lembrança, ou ainda que vai embora para apenas dizer que a busca pela mesma é constante.

2 comentários:

Marina disse...

Tem gente que vê aquela novela tosca da globo e acha o máximo, mas torce o nariz para uma verdadeira obra de arte. Mesmo se não fosse obra de Machado, eu continuaria adorando, só por dizer tudo sobre a cultura brasileira e pelo cenário. Lembrou-me "Hoje é dia de Maria", outro que eu adoro.

E sabe, eu gosto muito também por não ser daquelas mini-séries longas. Acho que fizeram na dose certa. Pequenas pílulas de Machado de Assis, para deixar um gostinho de quero-mais.

Estou adorando tudo. Enfim, achei alguém que concorda comigo.
Abraço!

Bruna monteiro disse...

e digo mais: ele convenceu a globo a fazer isso! Não sei quem permitiu, mas parece que na globo ainda há pessoas com inteligência.