quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Indagação

Certa vez foi indagado o poeta:
-Como fazes?
O perguntado tinha um olhar distante
-O quê?
-Poesia!
A dúvida corroía o perguntante
-Não sei.
Irritado, enfiou-lhe a faca.

O olhar vago permanecia
Como sempre fora, quase não havia emoção.
Decidiu poetizar o momento:
-Agora, em leito de morte
permaneço sereno.
Explico-te, seu moço:
O poeta é espírito
Essência!
E essa facada
em meu bucho enfiada
é de dois gumes:
Mata-me o corpo
Eterniza-me a alma.

O homem então se angustiou
Decidiu se matar:
matou-se.

Sua alma se manteve,
mas não poetizou.

2 comentários:

Marina disse...

Nossa! Transmissão de pensamento? Não sei, mas juro que só vim a ler seu texto agora, depois de postar o meu.

Abraço!

Renata disse...

adorei, realmente adorei.
estou numa fase boa, tranquila, após muitas turbulências vem o vôo leve, quase gracioso. Foi assim que voltei a escrever.
saudades de você :*