quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Tecnologia.

Vagava por páginas de assuntos de Física em seu computador: ondas em cordas tensas, interferência, movimento harmônico simples...

Daí entra o pai no recinto. Mas não está só: além das roupas que traja, encontra-se em suas mãos e braços um enorme monitor de computador LG Flatron 775FT. A cara do velho não era muito boa, claro. Afinal, ele estava carregando um monitor LG Flatron 775FT!

"Que feliz!", muitos pensariam. Mas o garoto não. Estava muito feliz com laptop, aproveitado da mãe, que ela pouco usava. Sabia que colocaria o trambolho no escritório do rapaz, seu recinto, seu santuário, para simplesmente não ocupar espaço no do pai.

-Como é, mais um, painho?!

Mais um? Pois é. Encontravam-se no espaço nada menos do que cinco CPUs, dois drivers de DVD, dois de CD, um teclado, um número indefinido de mouses e três monitores LG Flatron 775FT, contando com o recém-chegado. Se o computador é o símbolo da contemporaneidade, certamente dava para realizar o sonho do ferro-velho pós-moderno próprio.

-Deixa do teu choro, menino! É só até eu arrumar espaço.

Ha! Só poderia ser piada, óbvio! Sabe-se lá há quantos anos o quarto do coroa não via um pano úmido!

O garoto gostava da tecnologia, mas como o seu pai era exagero. Tecnicamente era tecnomania, utilizando termos técnicos de alta técnica. Possuía no mínimo seis aparelhos de DVD e se orgulhava de cada um.

-Olha só, esse aqui serve pra entrada USB; colocar pen-drive, sabe? Além do mais, ele funciona com DVDs de região 2. Esse aqui é bem grande, mas ele grava! Bom pra não perder as novelas... já esse roda blu-ray! Melhor imagem, impossível!
-E esse aqui?
-Ora, esse... ah, tem uma imagem melhor.
-Mas não era a função do tal do blu-ray?
-É, mas esse aqui é só pra DVD...
-?!

Tinha dito que faria uma surpresa ao filho. O menino ficou desconfiado, obviamente. Talvez fosse uma câmera digital antiga: aí sim poderia abrir o negócio de lata-velha.

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