domingo, 26 de outubro de 2008

Sonho.

Sonhos sempre foram de grande interesse para mim. Gosto de guardá-los como lembrança quando são cômicos; gosto de sonhá-los quando expressam grandes desejos e ânsias improváveis de ocorrerem; e, apesar do que dizem os professores de Biologia, gosto de ver o sentido neles.

Ultimamente são os dois últimos tipos que mais me têm ocorrido. Os sonhos-desejo são uma experiência tão eufórica que os considero melhores do que a realidade; afinal de contas, as chances de se tornarem reais são poucas. Casos como esses me levam a crer que a imaginação talvez seja mais verdadeira do que a "realidade".

Mas o foco aqui são os que possuem, ao fundo, algum significado de fato. Não delírios ou realizações impossíveis, nem os surreais. No útimo cochilo que tive em minha poltrona, sabe-se lá onde ou com quem estava, mas eis que surgem em minha mente algumas frases.

Assim, como que toda a vastidão embutida do meu universo mental fosse uma imensa lousa branca, onde nela estavam escrito citações. Sim, citações, pois lembro-me muito bem de que possuiam aspas.

Pois é. Lembro-me da lousa, de 4 frases exatamente, lembro até de possuírem aspas;

mas sequer tenho idéia de qual seria o conteúdo.

Na verdade, tenho uma leve impressão do que seriam, apenas. Eram como frases de efeito; daquelas que você sente que causariam um impacto grande, sabe? E, ainda mais, que dariam orgulho àquele que as escreveu.

Ah, como me esforcei para obtê-las! Não uma vez formadas; durante sonho, quando surgiram no tal quadro, foi como que repentinamente, da mais completa inexistência. Refiro-me a elas já feitas: recordo-me de lê-las e orgulhar-me, e então pensar para mim mesmo: "preciso copiá-las! duvido que vou me lembrar quando acordar!"

Estranho o fato de quê, mesmo dormindo, tinha consciência de que me encontrava num sonho. Ainda mais: sabia que dele não me recordaria, e que por isso tinha que dar um jeito de anotar as tais sentenças. Até tentei. Achei que o tinha feito, para ser mais exato. Mas estava errado.

A mente que mente. Assim pode ser definida a minha. Geralmente, sua mentira se resume a me colocar como já acordado, quando na verdade ainda ronco na cama. Truque para manter-me no descanso, reconheço a proeza da mesma. Só que dessa vez ela foi além: Fê-me pensar que acordara, como sempre faz, e ainda achar que havia escrito o que deveria.

E então surgem indagações: "ora, como ela foi além, se repetiu o que fazia durante o descanso, ou seja, manteve-te a dormir?". A resposta jaz no motivo: Outrora ela me fazia achar que estava acordado para me manter dormindo, só que no cochilo da poltrona...

Sabe-se lá o motivo. É aí surgem várias perguntas, assaz intrigantes: por que ela quereria me manter em sono? Seria o conteúdo das frases algo que eu não poderia levar do sonho? Por que sonhá-las, então, se só poderia vivê-las em imaginário?

Vai ver a realidade não fosse o lugar delas. Quem sabe devessem ficar aí guardadas, no meu mundo.

Só posso tirar uma conclusão: nesses tempos últimos, meus sonhos tornam-se muito mais fascinantes do que qualquer elemento de minha realidade, a ponto de eu preferir dormir a ficar acordado. Não por fuga, mas por escolha.

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