domingo, 4 de janeiro de 2009

A fuga.

Me peguei lembrando de quando Luma tinha fugido. Faz-se tempo; ela, uma yorkshire pretinha, nem com dois anos, botou na cabeça que seguiria o meu irmão. E seguiu. mas foi assim, sorrateira. Acabou por ninguém conseguir percebê-la: nem ele, nem nós em casa. Quando nos demos conta, foi um estardalhaço. Na verdade não, foi aos poucos. A gradação da suspeita à certeza. Primeiro se procura em lugares prováveis, e depois de não se achar nem nos imporváveis vem a constatação:

É, fugiu. Segue-se então a ampliação da busca: da casa ao bairro. Fomos de carro até a avenida. Era, para nós, o máximo a que ela chegaria; ficava a 5 quarteirões de casa. Depois de buscas a olho, nada feito. Voltamos para casa e preparamos cartazes com fotos dela. Dizíamos que haveria recompensa: mainha estava disposta a pagar 300 reais por ela. Colamos cartazes, saímos perguntando em prédios vizinhos, demos até alguns para o jornaleiro colocar nos jornais...

...nada feito. Voltei pra casa arrasado. Mainha disse para Babi, a outra york, mais velha: "é, você agora vai poder ser rainha sozinha da casa". "Rainha ela sempre foi, mas antes havia uma princesinha", disse eu em minha cabeça. Chorei, escondido. No MSN, minha amiga me xingava; dizia que eu era idiota, foi burrice minha. Vai ver eu na minha fraqueza não pude retrucar, ou era fraco na época mesmo. Os outros que estavam na conversa o fizeram por mim.

Raiou então o outro dia. Acordei cedo, umas oito horas, mesmo tendo ido dormir às cinco. Disse à minha mãe que sairia para colar mais uns cartazes, e fui. Se não me engano, levei Babi junto. Fomos mais adiante, umas três quadras. Colei uns nos postes e então voltei para casa.

Não demorou muito. A ligação deve ter chegado umas duas horas depois. Gabriel, um morador das redondezas, havia achado-a desde ontem, e acolhido. Mainha gritava como nunca. "Gabriel, você é um anjo!", e foi por isso que até hoje me lembro o nome do homem. Ele explicou a história: disse que ela estava atrás de um pneu de um carro, no prédio onde ele morava. A empregada, que estava chegando para trabalhar, viu exatamente o último cartaz que eu colei, num poste próximo ao edifício.

Ao chegarmos lá, foi uma festa. Luma estava toda eufórica; eu e mainha, então... O casal falou que não queria recompensa, mas mainha insistiu em dar um conjunto de banho a eles. Falaram que havia acontecido o mesmo com a mãe de um dos dois, não lembro se de Gabriel ou da mulher, e disse que o havia achado cobrara dinheiro para devolver o cão.

Não sei se já deixei claro aqui antes, mas não acredito em coincidências. A história me lembrou de o quão sortudos fomos. O cartaz poderia ser posto em qualquer lugar. E se tivesse sido colado depois, quem sabe se o viriam? A hora e o local foram exatos.

Ou será que não foi sorte? Vai ver Luma era para ficar com a gente mesmo.
E ficou. Perdura até hoje.

Um comentário:

Unknown disse...

fizesse um blog pra postar tuas inspirações é?há um tempo atrás ficava escondendo com vergonha uehuueheuh
bjos