sexta-feira, 4 de julho de 2008

Kiwi.

Parecia difícil. Era difícil, na verdade. Bastante difícil. Mas ele persistiu. Kiwi, o pássaro sem asas, utilizou todos os instrumentos necessários e possíveis para ele: corda, pregos, martelo, e o mais importante: força. Mas não qualquer uma; a força que vem lá de dentro, sabe? Depois entende-se melhor. Desceu o precipício cuidadosamente, levando cada uma das árvores. E que árvores! Graúdas, verdes, troncos grossos.

Mas afinal, onde já se viu utilizar árvores num precipício? Kiwi tinha seu propósito. amarrou uma ponta da corda numa árvore fincada lá em cima, descia pela corda, e martelava os pregos na que estava pendurada no precipício. Pregada uma, partia para a outra. Não se cansava; aquela força especial parecia não acabar nunca. Uma, duas, cinco, vinte... em alguns dias, centenas de árvores já estavam lá, firmes, como se tivessem criado raízes. Mas quem as criou foi o pássaro. Ah! Mas o sacrifício havia terminado. Todas elas estavam lá!

Agora, o objetivo final. Admirava de cima do abismo todo o seu esforço. E que esforço! Bom, tinha que se preparar: aquele, certamente, seria o momento mais importante de toda a sua vida. Afinal de contas, todo o seu trabalho havia convergido para aquele instante. Colocou um capacete de vôo. Vôo? Já, já você entende. Preparou-se bem, respirou fundo, tomou distância, pegou velocidade e...

...pulou.

A essa altura, tudo o que se pensa é na loucura feita pelo pássaro. Mas Kiwi poderia ser muitas coisas, mas não era louco. Nascera com um sonho: voar. Infelizmente, sua espécie não permitira. Teve que adaptar-se como pôde, e essa foi a maneira.

Nunca se sentira tão feliz. Sabe aquela força que o mantinha fincando as árvores? Pois é, ela vem lá de dentro. Daquele cantinho que você pensa não existir e só aparece quando você realmente quer. Quando você tem um sonho. E Kiwi o tinha. Toda essa força, depois de tudo o que havia passado, essa força virara alegria. Ele sabia das conseqüências, sabia o que o esperava no fim do passeio. Derramara uma lágrima. Não por causa do que viria no final daquilo tudo, mas simplesmente porque não contera a emoção. Não importava o esforço, não importava a solidão, sequer importava a morte! O sentimento de Kiwi era tão forte que nada o impediria de ser feliz naquele momento; nada o impediria de realizar seu sonho.

Um comentário:

Renato Contente disse...

o importante não é ser forte, é sentir-se forte :]