terça-feira, 15 de julho de 2008

Trecho.

-Eu trouxe algo para você de lá.
-Sério?! Cara, eu não trouxe nada pra tu, foi mal...
-Não tem problema.
-Pow, brigada!
-Nada...
...
-Tu ainda sente algo por mim, não é?
-Sabe, muitas vezes quando alguém diz ter feito algo, esse alguém na verdade queria tê-lo feito, mas não o fez. É o meu caso. O que eu mais quero agora é te esquecer! Mas quem disse que consigo? Na verdade, é a segunda coisa que mais quero...
-E qual seria a primeira?
Aproximou-se e beijou-a. Não importava qual seria a reação dela, ele precisava fazer isso. Ela parecia estar num processo de sinapse lenta. Quando os neurônios finalmente transmitiram os impulsos, afastou-se e disse:
-Pára! A gente já falou sobre isso!
-É, eu sei. Só amigos, eu lembro. Mas como pode ser só amigos? Aquela tarde não foi nada, não houve sentimento algum?
-Eu... eu... sei lá! Eu tô muito confusa!
-Você acha que eu tô normal? Tu num sabe o embaraço que tu causou aqui dentro!
Não conseguiu terminar o que tinha para falar. Ela também mais nada disse. Chegou a quase sussurrar uma expressão de dúvida, bem conhecida dele, mas não emitiu qualquer som. Ficaram ali, olhando-se, até ele achar que a estava incomodando, apenas para então voltar a observá-la.

Aquele dia poderia ser considerado um alivio de tensões. Depois dele, cada um seguiu seu caminho: ele procurava outras no intuito de esquecê-la; já ela... sei lá.

Um comentário:

Marina disse...

Ahhh... Que lindo. Sabe o que eu faço? Misturo histórias minhas com as criadas pela minha imaginação, posto no blog e não aviso a ninguém se é ou não sobre mim. Na maioria das vezes não é, independente de terem sido escritas na primeira pessoa.

Abraço! Espero que escrevas mais desses.